I know all the dreams I should be holding...
Deus escreve certo. Nós é que entortamos as linhas.
Ficamos cegos e desnorteados por décadas, buscando as respostas da Luz onde só há escuridão. Com sorte, um belo dia paramos. Ou algo nos para. A mente, o corpo ou o espírito - ou todos eles juntos.
Ficamos paralisados por completo diante do horror que passamos com nossa própria permissão.
Em desespero profundo, encontramo-nos absortos e completamente perdidos em meio à escuridão. E então, vemo-nos em total dissociação sinestésica: de olhos abertos, vendo tudo acontecer ao nosso redor, ouvindo tudo o que os outros dizem e pensam esconder. Porém, o corpo permanece paralisado. Mãos, pés, todos os membros e as mandíbulas travadas. Sem ação, reação, e nem a capacidade de falar ou gritar.
Nessa escuridão, deitados no mesmo chão por onde as serpentes rastejam e nos ameaçam a vida, sentimos apenas as lágrimas escorrerem pelos nossos olhos, pingando gotas em nossas orelhas, salgando nossos cabelos.
Impossibilitados de nos socorrer a nós mesmos, apenas nossa alma é capaz de agir. Ela suplica pela redenção misericordiosa de seu Criador.
Então, Ele surge com as mãos estendidas em sua direção, trazendo uma Luz tão brilhante que lhe cega os olhos físicos, mas lhe abre a visão essencial.
Nesse momento é que a ressurreição acontece. Ao redor, tudo clarifica.
É assim que corpo, espírito e mente (alma) percebem que a Luz do Criador sempre esteve ali. Ela se manifesta não somente em momentos de súplica, mas sim sempre que a alma permite Sua aproximação.
A ressurreição está disponível a todo o tempo, e não somente quando o corpo físico padece por completo. A ressurreição está disponível a todo tempo porque cada instante morre em si mesmo.
O tempo e o instante são coisas diferentes.
O tempo é a prisão do homem.
O instante é a oportunidade que o Criador dá a cada um de nós de nascer, se desenvolver, morrer e ter a própria ressurreição, renascendo das cinzas de seus sentimentos, pensamentos e atos, com a capacidade de moldar a própria co-criação a cada novo instante.
Gratidão.
Maria José Marques da Silva*
(*) Psicografado por Lívia Gusmão